Imunoterapia foi aprovada para tratamento de câncer de fígado.

Foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o uso da imunoterapia atezolizumabe associada ao antiangiogênico bevacizumabe, ambos da Roche, para a primeira linha de tratamento do carcinoma hepatocelular metastático, irressecável ou sem tratamento prévio.

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O estudo de fase III IMbrave150, publicado em maio deste ano no The New England Journal of Medicine, demonstrou que a combinação de atezolizumabe com bevacizumabe foi capaz de elevar significativamente a sobrevida global e a sobrevida livre de progressão, reduzindo o risco de óbito em 42% comparado ao sorafenibe, terapia-alvo aprovada em 2009.

Outra boa notícia é que o perfil de segurança da combinação foi consistente com os dos medicamentos em imunoterapia sem novos efeitos adversos identificados.

Para o oncologista Gustavo Fernandes, diretor do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, essa é uma forte evidência de um novo padrão de tratamento com potencial de transformar a história natural da doença.

Isso porque a quimioterapia convencional não tem benefício para esses pacientes e a terapia-alvo trouxe benefícios por muitos anos, mas já foi superada pela combinação de imunoterapia e antiangiogênico largamente, com taxa de resposta muito superior, além de ganho de sobrevida global em um ano.

Grandes expectativas

Assim como em outras doenças em que a imunoterapia foi ativada, a expectativa real é a possibilidade de que uma proporção dos pacientes esteja bem e com enfermidade controlada por anos.

“Este é um grande progresso a aprovação de uma nova terapia sistêmica para o carcinoma hepatocelular avançado, associada a desfechos ainda melhores do que aqueles observados previamente com outros medicamentos”, avalia Paulo Lisboa Bittencourt, coordenador da Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português-Bahia e presidente do Instituto Brasileiro do Fígado (IBRAFIG).

O hepatologista explica que a doença acomete principalmente pessoas com cirrose, causada por hepatites virais B e C, esteatose ou consumo abusivo de álcool. É importante ressaltar que a cirrose e o câncer de fígado não apresentam sintomas nos estágios iniciais.

Imunoterapia, o tratamento do futuro

Atezolizumabe em combinação com bevacizumabe é o primeiro e único regime de imunoterapia aprovado para o câncer de fígado.

“Hoje mais da metade dos diferentes tipos de câncer pode ser tratado com imunoterapia e esse percentual aumentará ainda mais nos próximos anos”, acredita o oncologista Gustavo Fernandes.

Para o pesquisador Tasuku Honjo, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina do ano passado, a imunoterapia será a principal droga para o tratamento da doença no futuro.

“A imunoterapia possui muito menos efeitos colaterais, dura muito mais e com o tratamento eficaz em praticamente todos os tipos de câncer”, afirmou Tasuku Honjo, em entrevista concedida ao programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, que foi ao ar no dia 18 de junho de 2019.

Estimativas atuais

Global Cancer Observatory estima que 700 mil óbitos ao ano sejam causados por câncer de fígado, sendo este o quarto tipo mais letal no mundo.

Atualmente, a American Cancer Society aponta que somente 18% dos pacientes diagnosticados com esta doença estarão vivos em cinco anos.

No Brasil, foram 9.711 óbitos em 2015, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Fonte: PebMed| Autora: Úrsula Neves

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