Atualmente, vários tratamentos para a artrite reumatoide (AR) estão disponíveis no mercado. As novas recomendações de diversas sociedades reforçam a necessidade de se progredir a terapia farmacológica objetivando alvos específicos programados, estratégia conhecida como treat-to-target (T2T). Apesar disso, diversos pacientes não atingem esses alvos, fenômeno que vem sido denominado como artrite reumatoide de difícil tratamento. No entanto, esse conceito varia conforme os estudos e relatos, necessitando uma melhor definição para que ensaios clínicos e recomendações sejam conduzidos, visando endereçar as necessidades não atendidas desses pacientes. Pensando nisso, a European League Against Rheumatism (EULAR) publicou um documento definindo melhor essa questão, como uma etapa inicial para o desenvolvimento de guidelines específicos para o tratamento dessa população.
Metodologia
Um comitê foi formado e diversos reumatologistas em diferentes países foram convidados a responder uma enquete para gerar terminologias e definições possíveis de serem utilizadas. Após extração desses dados, a Task Force, que incluiu reumatologistas, enfermeiras, outros profissionais de saúde e pacientes, se reuniram para votar essas definições.
Resultados
Três critérios foram definidos, com base nas discussões promovidas pela Task Force.
O primeiro deles diz respeito à quantidade de DMARDs biológicos e sintéticos alvo-específicos. Segundo a definição, para que seja considerado de difícil tratamento, o paciente deve ter usado 2 ou mais medicamentos dessas classes, após ter falhado a DMARDs sintéticos convencionais (caso não haja contraindicações).
O segundo versa sobre os sinais sugestivos de AR ativa ou com progressão, definida por 1 ou mais dos critérios a seguir:
- Atividade de doença moderada a alta de acordo com escores compostos de avaliação (DAS28-VHS > 3,2 ou CDAI > 10, por exemplo);
- Sinais sugestivos de doença ativa, incluindo elevação de marcadores inflamatórios ou imagem;
- Incapacidade de desmame de prednisona para doses < 7,5 mg/dia de prednisona ou equivalente;
- Progressão radiográfica rápida (com ou sem sinais de doença em atividade);
- Doença bem controlada (com base nos parâmetros acima), porém com sintomas relacionadas à AR que comprometem a qualidade de vida.
Por fim, no terceiro item, o controle dos sinais e sintomas da AR deve ser considerado problemáticos pelo reumatologista e/ou pelo paciente.
Todos os 3 critérios devem ser preenchidos para que a AR seja considerada de difícil tratamento.
Com essa definição, a EULAR deu um passo importante para que ensaios clínicos e recomendações específicas para esse subgrupo de pacientes com AR possam ser conduzidos de maneira adequada, de modo a atender as necessidades dessa população.
Um cuidado que se deve ter ao avaliar esse tipo de paciente é que doenças concomitantes, como osteoartrite, fibromialgia e outras causas psicossomáticas de amplificação dolorosa, podem prejudicar tanto a avaliação do médico quanto os mecanismos de enfrentamento do paciente, dificultando a obtenção de bons resultados clínicos.
Esperamos que essa nova definição seja útil para que possamos melhorar o tratamento dos pacientes aos quais ela se destina.
Fonte: PEBMED