Obesidade pode aumentar risco de câncer e afetar seu diagnóstico

Maria Del Pilar Estevez Diz explica que a obesidade aumenta o risco de ter 13 tipos de câncer numa magnitude “20% maior do que a população em geral”

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A Ciência mostra que a obesidade está ligada a 13 tipos de cânceres, como os do trato gastrointestinal (câncer de esôfago, de fígado, de vesícula, estômago, de pâncreas e colorretal), ovário e tireoide, por exemplo. Com essa preocupação, a OMS e o Instituto Nacional de Câncer (INCA) têm chamado atenção para as medidas de prevenção.

Em entrevista ao Jornal da Usp no Ar 1º Edição, Maria Del Pilar Estevez Diz, médica oncologista, professora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e diretora do Corpo Clínico do Instituto do Câncer do Estado de SP (Icesp), explica que esses estudos apontam que a obesidade aumenta o risco de ter esses 13 tipos de câncer numa magnitude “20% maior do que a população em geral”.

A especialista destaca também que esse aumento de risco ocorre por causa da proliferação celular anormal. Essa divisão celular facilita o aparecimento de células comprometidas, que vão se tornar câncer no futuro. Além disso, podem ocorrer “dificuldades importantes no rastreamento que os pacientes que estão acima do peso podem ter”. Ou seja, os exames de imagem têm sua qualidade afetada e, desse modo, dificulta-se o diagnóstico.

Prevenção

Os exames são importantes para o acompanhamento da saúde do paciente, mas, de acordo com Maria, eles não conseguem captar de forma precoce o câncer, já que esse problema se desenvolve silenciosamente. “Na verdade, a principal maneira de prevenção é diminuindo os fatores de risco”, afirma.

Além da questão das atividades físicas, outro modo de diminuir a obesidade e, por conseguinte, o risco desses cânceres é a redução do consumo de ultraprocessados, ricos em gordura, que aumentou durante os últimos anos. Em 2019, constatou-se que 20% dos adultos no Brasil estavam com obesidade, IMC maior do que 30, e 55,4% acima do peso, conforme explica a especialista.

“Quando vemos esses parâmetros, que não são só de questões individuais, também têm questões de hábitos que estão acometendo a população como um todo que começam na infância. O sedentarismo e uma dieta inapropriada começam na infância e é sempre mais difícil mudar na vida adulta”, ressalta Maria.

Outro ponto abordado pela especialista é que aqueles indivíduos que estão fazendo tratamento de câncer, acabam comendo mais do que o necessário ou não fazem esforço — atividades físicas, por achar que não é recomendado. “Nós sabemos que é exatamente o contrário: ter uma dieta saudável, balanceada e manter atividade física durante todo o tratamento e após ele”, o que está associado à melhora de resultado e taxa de cura.

Fonte: Jornal da USP

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