Velhos novos pacientes, não são mais uma exceção

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A expectativa de vida dos brasileiros hoje se encontra ao redor dos 77 anos. Houve um aumento de 31 anos quando observamos a taxa de sobrevivência dos brasileiros em relação a década de 50 do século passado. Isto reflete em um aumento da população de idosos o que torna necessário o provimento de recursos para o atendimento destes novos e idosos brasileiros. Assim já podemos notar em todos os locais e atividades uma maior frequência de pessoas acima dos 60 anos desempenhando inúmeras e corriqueiras atividades. Isto já não é mais uma exceção. A par do que expusemos, os avanços constantes do conhecimento, diagnósticos mais precisos, medidas preventivas e a interferência para um estilo de vida saudável e contra o sedentarismo, estão fazendo com que a longevidade desta população esteja em expansão. Isto obriga os médicos de várias especialidades alterarem a abordagem destes novos idosos pacientes para entender o comportamento das velhas doenças que evoluem de forma diferente dos padrões usuais. Doenças anteriores, problemas infecciosos do passado e cirurgias pregressas podem pesar muito no tratamento que deverá ser implantado, seja qual for o diagnóstico. Muitos nesta faixa etária da vida costumam dizer que nada sentem, ou dizem não sentir, não realizam exames e sempre falam que nunca foram a médicos ou sofreram cirurgias. Dizem aos quatro cantos que a sua saúde é de ferro como a de seus familiares. Porém como também dizem os antigos, prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém e é por isso que deve prevalecer a sugestão, que é bem antiga de realizar exames periódicos, que devem ocorrer sempre com a orientação do seu médico de confiança.


Na área hematológica, alterações discretas em um hemograma, as vezes presentes há vários anos, devem ser valorizadas pois pode já ser uma pista de uma doença que poderá ocorrer no futuro. Uma anemia sem causa aparente, uma alteração nos valores dos glóbulos brancos e na sua distribuição, ou das plaquetas mesmo que discretas obriga o início de uma investigação clínica mais acurada nestes velhos e possíveis novos pacientes. Esta é uma área em que um grande grupo de doenças de natureza cancerígena costumam ocorrer e um aumento de casos já é detectável na população.


Hoje recursos genéticos oriundos do projeto genoma, associados aos métodos da genética tradicional, diagnosticam as moléstias, classificam e podem predizer a sua gravidade. Outro aspecto relevante refere-se ao tratamento, quando se evidencia uma doença, que pode variar na dependência do estado geral em que se encontram estes pacientes nos quais o objetivo primordial deve ser restabelecer ou melhorar a qualidade de vida. Nestes casos a investigação clínica e laboratorial deve ser rápida e eficiente. Alterações detectadas nos estudos genéticos associadas ao estado geral em que se encontra o novo paciente, indicam qual o melhor medicamento que terá a função de inibir a anomalia genética e determinar a chance de sucesso e o aumento da sobrevivência deste paciente. Além da sobrevivência existem relatos de curas em doenças de natureza cancerígena com o Transplante de Células Tronco Hematopoiéticas que hoje pode até ser indicado para pacientes com idade acima dos 70 anos.
Finalizando é óbvio e não banal a necessidade do cuidado destes pacientes que de exceção passaram a ser regra na sociedade atual e do futuro.

Milton Artur Ruiz
Coordenador da Unidade de TMO e Terapia Celular Hospital Infante D. Henrique da Associação Portuguesa de Beneficência de São José do Rio Preto, SP.
Livre Docente de Hematologia FAMERP, SP; Ex-Professor de Hematologia FM USP, SP.

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