As múltiplas epidemias das Fake News

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OMS considera Fake News uma das 10 maiores ameças à saúde da atualidade

Apontada como um das causas na queda dos números associados a imunização no país, pelo Ministério da Saúde. O Brasil enfrenta uma verdadeira epidemia de informação falsa disseminada pelas redes socias, o vetor de contaminação mais eficiente das Fake News, este fenômeno começou a impactar diretamente a saúde pública e se tornar um verdadeiro risco para a sociedade. Um agente patológico totalmente diferente.

A coordenadora de mídias sociais do MS, Ana Miguel, declara que 89% das notícias falsas ligadas à saúde atacam a credibilidade das vacinas. “Estamos monitorando diariamente todas as redes sociais e identificando o que é falso. A equipe iniciou o trabalho em março de 2018 e até o momento foram encontradas 418 fake news relacionadas à saúde”.

Esses ataques geram sequelas extremamente sérias para a saúde pública, o movimento antivacina se transformou em uma das 10 maiores ameaças à saúde, em um relatório publicado pela OMS em 2019. Segundo a organização, a resistência a vacinação pode reverter o progresso que tivemos ao longo dos anos no combate as doenças e o retorno de epidemias que já haviam sido combatidas.

“A vacinação é uma das formas mais eficientes, em termos de custo, para evitar doenças”, enfatizou a OMS no documento. “Ela atualmente evita de 2 a 3 milhões de mortes por ano, e outro 1,5 milhão poderia ser evitado se a cobertura vacinal fosse melhorada no mundo.”

As Fake News contribuiram diretamente para promover o movimento antivacina e reduzir a cobertura vacinal, os impactos desses acontecimentos já começam a ser percebidos como o aumento dos casos de sarampo que subiram para 30%, segundo os últimos dados disponíveis (2017). Nos Estados Unidos, onde movimentos como cresceram bastante nos últimos anos, a doença estava extinta e voltou a ser registrada.

“Trabalhadores da saúde, especialmente os comunitários, são os maiores e mais confiáveis conselheiros e influenciadores para a decisão de se vacinar, e é preciso apoiá-los para que forneçam informação confiável sobre as vacinas”, diz o relatório.

Além dos impactos diretos no aumento de epidemias, retorno de doenças, gerar pânico e descredibilizar o sistema de saúde público; agora as Fake News também ameaçam a integridade física dos funcionários e profissionais da saúde. Um exemplo foi o caso relatado pela colunista Cláudia Collucci do jornal Folha de S. Paulo, no município de Santa Maria (RS).

No WhatsApp, ocorreu a circulação de um áudio afirmando que pessoas vestidas de branco estariam transitando pelas casas dos moradores para realizar um suposto exame de glicose, mas que na realidade estariam usando as agulhas para transmitir HIV. O caso aconteceu quando um microempresário de 49 anos, após receber o aúdio, gravou uma equipe de profissionais na rua: Um dentista, uma auxiliar e três estagiárias todos vestindo branco. O video foi postado em suas redes sociais, associando os funcionários da saúde como as pessoas do aúdio que estariam transmitindo o vírus.

As consequências desse ato, foram ameaças dirigidas a equipe e a suspensão do atendimento domiciliar na região.

As Fake News são uma verdadeira ameaça a saúde pública, e iniciaram uma série de projetos para combater esse fenômeno. O Ministério da Saúde tem trabalhado para identificar, analisar e desmintir essas “notícias”; utilizando selos de “isto é fake news” e “esta notícia é verdadeira” em divulgações nas redes sociais.

“Conseguimos monitorar todas as mídias, menos o Whatsapp, que é o grande meio disseminador desse tipo de notícia, pensamos então em criar um canal direto com a população, onde qualquer pessoa pode nos encaminhar notícias, fotos ou vídeos para análise e respondemos se é falso ou não, já recebemos mais de sete mil mensagens”, declara Ana Miguel, coordenadora desse trabalho.

As consultas ao WhatsApp Saúde Sem Fake News são realizadas através do número (61) 9-9289-4640.

Os temas mais abordados em Fake News são:vacinação, alimentos milagrosos e cura do câncer. Essas informações circulam pela internet sem embasamento científico e trazem uma série de danos a comunidade como um todo.

A fim de discutir o fenômeno de “viralização” dessas pseudonotícias e combatê-las de maneira mais eficiente, a Fiocruz ( Fundação Oswaldo Cruz) promoveu o II Seminário Internacional Relações da Saúde Pública com a Imprensa: Fake News e Saúde.

O evento reuniu profissionais do setor, pesquisadores e jornalistas, e ocorreu em março desse ano tendo início em uma segunda-feira (18/03) e fechamento no dia 21.

Cláudio Maierovitch, pesquisador da Fiocruz, durante o evento levantou algumas questões  sobre as causas dessa disseminação de Fake News:“O sensacionalismo com o tom alarmante e de ‘denúncia’ como essas notícias são divulgadas pode ser um dos porquês da grande disseminação. Além disso, podemos considerar um conceito ligado à psicologia chamado ‘viés da confirmação’, onde a pessoa busca por argumentos para confirmar algo e nega argumentos contrários, mesmo sem embasamento, isso ganha ainda mais força na internet pelo fato da informação chegar personalizada para cada um, a partir do conteúdo mais acessado e dados pessoais divulgados”.

Fonte: Conasems, O Globo, Folha de S. Paulo.

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