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Coronavírus pode causar danos cerebrais graves

Coronavírus pode causar danos cerebrais graves

Com diagnóstico da doença confirmado há cerca de 15 dias, ele foi internado no sábado na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Unimed-Rio, no Rio de Janeiro, e passou por um procedimento cirúrgico para diminuição da pressão intracraniana.

Em nota oficial, o hospital informou que o paciente encontrava-se em estado grave e coma induzido, na UTI desde o domingo, e que na manhã desta terça-feira, após a realização de protocolo de avaliação, foi atestada a sua morte encefálica.

Complicação cerebral e coronavírus: qual a relação?

Inicialmente, acreditava-se que o novo coronavírus atacava apenas os pulmões e o aparelho respiratório. Porém, hoje já existem muitos indícios de que atinge também coração, vasos sanguíneos, nervos, rins e até a pele.

Mais recentemente, cientistas alertaram que o vírus ainda pode estar por trás de alguns danos cerebrais importantes, como tromboses – caso de Rodrigues – e acidente vascular cerebral (AVC).

No início de julho, um estudo realizado por pesquisadores da University College London (UCL), do Reino Unido, e publicado na revista científica Brain, indicou que o SARS-CoV-2 causa complicações neurológicas mesmo em pacientes com sintomas leves ou em recuperação, sendo que, muitas vezes, elas não são sequer detectadas ou então o são bem mais tarde.

Os especialistas analisaram 43 pessoas, com idade entre 16 e 85 anos, com confirmação ou suspeita de covid-19. Dessas, 12 sofreram inflamação no sistema nervoso central, dez tiveram encefalopatia transitória (doença cerebral), com sintomas de delírios ou psicose, oito tiveram AVC e, outras oito, problemas nos nervos periféricos, sobretudo com o diagnóstico da Síndrome de Guillain-Barré (SGB), reação imunológica que ataca os nervos e causa paralisia.

Dentre as 12 com inflamação cerebral, nove apresentaram encefalomielite aguda disseminada (ADEM, na sigla em inglês), patologia rara que provoca a destruição degenerativa do sistema nervoso central e afeta os nervos no cérebro e na medula espinhal.

A equipe da UCL, em geral, atendia um paciente adulto com esta enfermidade por mês, porém, com a pandemia, os casos subiram para um por semana.

De acordo com o estudo, o vírus causador da covid-19 não foi detectado no líquido cefalorraquidiano, ou fluído do cérebro, de nenhuma das pessoas analisadas, o que sugere que ele não ataca diretamente o órgão para causar a doença neurológica.

No entanto, os pesquisadores encontraram indícios de que a inflamação cerebral provavelmente é causada por uma resposta imune à doença. Segundo eles, mais análises são necessárias para entender exatamente como se dá a relação entre o SARS-CoV-2 e o cérebro.

Invasão do sistema nervoso

Rafael Paternò, neurologista do Hospital 9 de Julho, de São Paulo, diz que, por enquanto, o que se sabe é que os vírus da família coronavírus têm capacidade de invadir o sistema nervoso central.

“Isso acontece também com o novo coronavírus, causador da covid-19. Acreditamos que a principal via que ele usa seja a nasal. Ele infecta as terminações nervosas do olfato no nariz, e, por esse caminho, invade o sistema nervoso”, explica.

Apesar disso, o médico pontua que complicações cerebrais diretas são raras. “A gente não vê com frequência, por exemplo, meningite ou encefalite, como acontece com outros vírus. O mais comum neste caso são dores de cabeça, tontura e perda de olfato.”

Outro ponto que já é de conhecimento dos especialistas é que o SARS-CoV-2 altera o processo de coagulação.

“Do ponto de vista neurológico, isso se manifesta em aumento no risco de AVC, tanto isquêmico quanto hermorrágico, e de tromboses, como a venosa cerebral, a venosa periférica e o tromboembolismo pulmonar”, acrescenta Paternò.

Ao que tudo indica, o sistema imunológico, para combater a resposta inflamatória provocada pelo vírus, libera no organismo uma quantidade exagerada de citocinas, substâncias que participam da comunicação entre as células e desempenham papel importante na regulação do sistema imune, levando à ativação de coagulações e causando a formação dos trombos.

Renato Andrade Chaves, neurocirurgião do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, na capital paulista, e Hospitalis, unidade de Osasco, na Grande São Paulo, comenta que quadros de trombose têm sido cada vez mais observados em pacientes que desenvolvem a forma grave da covid-19 – acredita-se que a incidência seja de 30%.

“Mas é importante frisar que isso é mais comum de ocorrer nas pessoas que fazem parte dos grupos de risco, ou seja, obesos, portadores de hipertensão arterial, cardíacos e diabéticos”, diz.

O que também pode acontecer, complementa o especialista, é o paciente ter uma tendência à coagulação alterada, e aí, quando contrai o novo coronavírus, a condição se manifesta.

Como se dá o tratamento?

Até agora, não existem medicamentos específico para a covid-19. Normalmente, o que se faz é cuidar dos sintomas, e de forma individualizada, enquanto o próprio organismo se cura.

Entre os medicamentos indicados para quem está internado com diagnóstico ou suspeita da doença estão analgésicos, antivirais e antibióticos.

Alguns hospitais ainda recomendam antiparasitários, cloroquina, corticoides, plasma convalescente, reguladores da atuação do sistema imunológico, vitaminas e suplementos vitamínicos, fármacos que têm gerado bastante polêmica quanto à eficácia e/ou efeitos colaterais.

Também há locais que prescrevem o uso de anticoagulantes em dose profilática, a fim de prevenir a formação dos trombos nas veias e artérias.

Caso a pessoa desenvolva alguma complicação neurológica, como AVC, trombose, cefaleia, perda de olfato, tontura ou confusão mental, aí é realizado o tratamento usual de cada uma delas.

Nas tromboses, por exemplo, são usados os anticoagulantes em altas doses, para reduzir a viscosidade do sangue e dissolver o coágulo e, se necessário, são realizadas cirurgias de descompressão.

Em se tratando de AVC, os procedimentos padrão são operações para desobstrução do vaso cerebral afetado e normalização da circulação, no do tipo isquêmico, e para conter a hemorragia, na forma hemorrágica.

O que é trombose?

A trombose se dá quando há formação de um coágulo sanguíneo em uma ou mais veias ou artérias, obstruindo o fluxo de sangue.

O mais comum é ocorrer nos membros inferiores, mas também pode afetar outras partes do corpo, como cérebro, pulmão e coração.

Na lista de fatores de risco estão tabagismo, ficar muito tempo parado na mesma posição, uso de certos medicamentos, como anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal, cirurgias, trombofilia, varizes, histórico familiar e idade avançada.

Seus sintomas variam de acordo com a localização do coágulo, mas no geral são dor, inchaço (edema) e vermelhidão, calor e rigidez local.

No caso da TVC, que acometeu Rodrigo Rodrigues, os sintomas incluem ainda dor de cabeça, tontura, convulsão, alteração visual (visão dupla ou embaçada) e dificuldade para falar.

Caso não seja tratada corretamente, a trombose pode evoluir e provocar algumas complicações sérias. Entre elas insuficiência venosa crônica ou síndrome pós-trombótica, inchaço crônico e embolia pulmonar.

O melhor jeito de prevenir é com a adoção de hábitos saudáveis, incluindo atividade física regular, dieta equilibrada e boa hidratação.

Fonte: BBC News

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