Um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), liderado pela médica Lucia Monteiro, do Ambulatório de Urodinâmica Pediátrica, publicou artigo no periódico internacional Plos One com resultados inéditos que confirmam a presença de alterações que interferem no funcionamento normal da bexiga em bebês filhos de gestantes infectadas pelo vírus zika durante a gravidez. As descobertas são fruto do projeto Avaliação de sequelas no sistema urinário geradas em crianças expostas à infecção fetal por zika vírus e portadoras de lesões neurológicas, aprovado pelo edital publicado em 2016 pelo CNPq, Ministério da Saúde e Capes com a temática de Prevenção e Combate ao vírus Zika. Trata-se do primeiro relato, em todo o mundo, de sequela urológica associada à condição de bebês com Síndrome da Zika Congênita. Até a publicação não se suspeitava de infecção urinária como causa de febre e de internação nesses pacientes.A bexiga neurogênica, uma condição de saúde tratável, foi confirmada em 100% dos pacientes testados neste estudo, a maioria com padrões urodinâmicos de alto risco que podem causar dano renal se não forem tratados. Embora seja necessária uma investigação mais aprofundada para entender o comportamento da doença a longo prazo e a resposta terapêutica no contexto da Síndrome Congênita do Zika, o manejo proativo da bexiga neurogênica pode ajudar a mitigar a carga de doenças para os pacientes e suas famílias.