O câncer de mama é uma das condições de saúde mais prevalentes em mulheres em todo o mundo, representando aproximadamente 24,5% dos novos casos de câncer diagnosticados em 2020. Com cerca de 2,3 milhões de casos estimados naquele ano, é um problema de saúde global significativo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) projeta que haverá 73 mil novos casos da doença no triênio de 2023 a 2025. É importante observar que o câncer de mama é o câncer mais comum entre as mulheres no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma, sendo responsável por cerca de 10,5% dos casos.
Os dados mostram uma preocupante prevalência do câncer de mama, e entender os fatores que contribuem para a sua ocorrência é crucial. Segundo o DATASUS em 2022, as regiões do Sudeste (16,7%) e Centro-Oeste (15,9%) do Brasil apresentaram os maiores percentuais de mortalidade proporcional de câncer de mama. O Nordeste (15,9%) e o Sul (15,3%) também tiveram números significativos. Em 2021, a taxa de mortalidade por câncer de mama ajustada pela população mundial foi de 14,23 óbitos a cada 100.000 mulheres. Em 2019, as regiões Sudeste e Sul lideraram com 16,14 e 15,08 óbitos a cada 100.000 mulheres, respectivamente.
A distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2022 por sexo, excluindo o câncer de pele não melanoma, destaca ainda mais a importância de compreender e enfrentar o câncer de mama, que é um problema de saúde pública significativo.
Segundo Kaléu Mormino Otoni, farmacêutico e professor da pós-graduação em Farmácia Hospitalar e Acompanhamento Oncológico no ICTQ (Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico), “ser mulher é o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de mama”. No entanto, é importante observar que, embora seja muito menos comum, os homens também podem desenvolver câncer de mama, com as mulheres representando mais de 90% dos casos. O câncer é a segunda principal causa de morte em todo o mundo, com aproximadamente 10 milhões de pessoas morrendo de câncer a cada ano.
Para o rastreamento do câncer de mama, a mamografia é uma ferramenta indicada, podendo ser complementada pelo ultrassom. De acordo com o Inca, o câncer de mama é um grupo heterogêneo de doenças, com comportamentos distintos. Essa heterogeneidade é observada nas manifestações clínicas e morfológicas variadas, nas diferentes assinaturas genéticas e nas diferenças nas respostas terapêuticas.
O câncer de mama ocorre devido a um crescimento descontrolado de células nas glândulas mamárias. Essas células adquirem características anormais devido a mutações em seu material genético. Quando ocorrem mutações no material genético ou em mais células, elas podem adquirir a capacidade não apenas de se dividir descontroladamente, mas também de evitar a morte celular que seria normal no ciclo de vida de qualquer célula do organismo e de invadir tecidos próximos. São essas células que dão origem ao câncer.
O espectro de anormalidades proliferativas nos lóbulos e ductos da mama inclui hiperplasia, hiperplasia atípica, carcinoma in situ e carcinoma invasivo. O carcinoma ductal infiltrante é o tipo histológico mais comum, representando entre 80% e 90% dos casos.
Os sintomas mais comuns do câncer de mama incluem o aparecimento de nódulos na mama, geralmente indolores, com características como dureza e irregularidade. Outros sinais incluem edema cutâneo (vermelhidão da pele com aparência de casca de laranja), retração cutânea, dor, inversão do mamilo, hiperemia, descamação ou ulceração do mamilo e secreção papilar, especialmente quando é unilateral e espontânea. A secreção associada ao câncer geralmente é transparente, podendo ser rosada ou avermelhada devido à presença de glóbulos vermelhos. Além disso, podem surgir linfonodos palpáveis na axila.
Muitos fatores de risco estão associados ao desenvolvimento do câncer de mama. Além do sexo feminino, a idade é um fator importante, com o risco aumentando, sobretudo, a partir dos 50 anos. O acúmulo de exposições ao longo da vida e as alterações biológicas decorrentes do envelhecimento contribuem para o aumento do risco. Mulheres com mais de 70 anos têm a maior incidência de câncer de mama, enquanto aquelas entre 50 e 69 anos estão na faixa intermediária. A maioria dos cânceres de mama é diagnosticada em mulheres acima dos 55 anos. Portanto, a prevenção e a detecção precoce são fundamentais a partir dos 45 a 50 anos, com a realização de exames e consultas regulares.
Além disso, estudos indicam um aumento no número de mulheres jovens diagnosticadas com câncer de mama. Há uma correlação com hábitos de vida, principalmente a alimentação, que envolve alimentos inflamatórios, como embutidos e churrascos. Fatores endócrinos e histórico reprodutivo também influenciam, como a idade da primeira menstruação, a idade da primeira gravidez, a idade da menopausa e o uso de contraceptivos hormonais. A amamentação é uma prática que parece reduzir o risco de câncer de mama, especialmente quando mantida por um a dois anos.
Fatores hereditários e genéticos desempenham um papel importante nos casos de câncer de mama. O histórico familiar de câncer de ovário, casos de câncer de mama na família, principalmente antes dos 50 anos, e histórico familiar de câncer de mama em homens estão associados ao risco. No entanto, o câncer de mama hereditário representa apenas
Fonte: ICTQ Pós Graduação