Os tempos atuais são disruptivos, de mudanças e de quebra de paradigmas. Os conhecimentos médicos estão avançando em uma velocidade inimaginável e, rapidamente, são disseminados atingindo a todos os setores da sociedade.
A pandemia do COVID 19 impactou a sociedade, interferiu nos serviços médicos e mudou a vida de todos. Demonstrou que a telemedicina, novos aplicativos e controle à distância é possível para tratar e monitorar os pacientes em geral ou com doenças especificas. Um dos grandes avanços, festejado anteriormente de forma retumbante pela sociedade científica e academia, foi o projeto do genoma humano (PGH).
O primeiro rascunho do genoma humano ocorreu há 20 anos e alterou a forma de entendimento da genética e a nossa evolução. Modificou o diagnóstico e o tratamento de várias doenças. Gerou novos tratamentos baseados na terapia genética e terapia celular. No momento atual, o PGH contribui de forma objetiva para a construção de novas vacinas, que, de forma rápida e eficiente, auxiliaram no controle da pandemia do COVID 19.
O PGH contribui também para responder se um determinado paciente tem predisposição a algum tipo de câncer. Hoje dispomos de painéis de risco hereditário e de identificação de genes específicos para determinadas doenças. É possível até proceder uma avaliação genética prévia a um implante de embriões para reprodução humana.
É possível também obter o perfil fármaco genômico do paciente frente a um medicamento. Ou seja, isto é nada mais do que saber qual será a resposta mais provável que um paciente poderá ter em relação a um determinado medicamento que foi considerado específico para o seu tratamento.
Ao se pensar na família dispomos no momento da possibilidade de pesquisar determinadas mutações ou alterações genéticas familiares, o que facilitará na vigilância e aconselhamento familiar. Novos tratamentos são propostos, resultados de pesquisas divulgadas, algumas de forma bombástica pela mídia gerando perspectivas e, às vezes, frustrações, deixando aturdidos profissionais da saúde, pacientes e leigos em geral.
A certeza que temos, no entanto, é de que estamos evoluindo e o tempo de mudança na saúde está a nossa porta e voltado para a uma medicina de precisão, e que será cada vez mais personalizada. Afinal somos parecidos, mas não iguais.
Prof. Dr. Milton Artur Ruiz Coordenador da Unidade de TMO e Terapia Celular da Associação Portuguesa de Beneficência de São José do Rio Preto, SP, Ex. Professor de Hematologia e Hemoterapia FM USP, SP.