As máquinas estão chegando e vieram para ficar. Os primeiros relatos do uso de robôs em cirurgia são da década de 80 no século passado e no Brasil a partir de 2008.
Atualmente a cirurgia robótica é regulamentada, normatizada e plenamente aceita pelo Conselho Federal de Medicina. Assim, cirurgia robótica é a realização de um ato cirúrgico com o auxílio de equipamentos e sistemas avançados tridimensionais.
O que se busca com esta tecnologia é uma maior precisão e a redução dos riscos da cirurgia e do tempo de recuperação. Ao longo destes 35 anos desde a sua implantação, os equipamentos, os robôs, evoluíram e hoje existem diversos sistemas disponíveis. A lista das áreas que podem ser atingidas pela cirurgia robótica é extensa e está cada vez mais se expandindo.
Cirurgias abdominais , torácicas e áreas especificas como a urologia e a ginecologia estão dentre as mais beneficiadas. Cirurgia de próstata, bexiga e reconstrução de trato urinário além das cirurgias uterinas como retirada de miomas fazem parte das indicações da cirurgia robótica.
Procedimentos cirúrgicos abdominais como a retirada da vesícula, de hérnias, e até no tratamento da obesidade estão se tornando comuns. Cirurgias de revascularização do coração, de reparo de válvulas e alterações cardíacas congênitas já fazem parte do cardápio da cirurgia robótica. A literatura cientifica disponível relata diversos estudos comparando em várias áreas a cirurgia robótica versus a tradicional.
Neste ponto surge a questão : as cirurgias tradicionais vão desaparecer ?. Embora à primeira vista a cirurgia robótica ofereça vantagens em decorrência de uma visão em 3D, o que certamente propicia menos trauma para o paciente, vários aspectos devem ser considerados e que podem influenciar na sua escolha e não da cirurgia tradicional.
O primeiro trata-se da escolha do piloto do equipamento, ou melhor do cirurgião que deverá ser habilitado e experiente no manuseio do robô. O segundo ponto trata-se do próprio robô que deve ser moderno e atualizado, visto que complicações técnicas podem ocorrer levando a situações de se ter de reverter o procedimento para uma cirurgia tradicional ou repetição do ato cirúrgico. Os problemas relacionados na cirurgia robótica e que podem ocorrer são semelhantes, porém menores, ao da cirurgia tradicional.
Assim lesões e danos de tecidos, sangramentos, reações adversas a anestesia além de infecções e problemas de cicatrização. Problemas devem ser reduzidos, mas podem ocorrer. Outro ponto a ser discutido referem-se aos custos do procedimento que são mais elevados e o seu plano de saúde pode não autorizar o procedimento que ainda não está disponível para toda a população. Concluindo como expusemos a habilitação do cirurgião é fundamental e a equipe participante atenta a todas as nuances que o procedimento exige.
A instituição hospitalar que oferecerá a cirurgia robótica deverá estar preparada e devidamente certificada. No entanto o médico cirurgião é o único a discutir os riscos e os benefícios da cirurgia robótica ciente de que o futuro chegou e as máquinas cada vez mais estarão presentes em todas as atividades da humanidade.
Milton Artur Ruiz Coordenador da Unidade de TMO da Associação Portuguesa de Beneficência de São José do Rio Preto, SP EX Professor de Hematologia FM USP , SP Professor Livre Docente de Hematologia FAMERP, SJRP, SP.