Vacina para câncer com tecnologia de imunizante da Covid-19 pode ficar pronta ainda neste ano

Resultados de testes da aplicação personalizada para o tratamento do melanoma, desenvolvida pela Moderna e pela MSD, são esperados nos próximos meses

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A Moderna, fabricante de um dos imunizantes da Covid-19, e a Merck, MSD no Brasil, esperam os resultados da fase 2 dos testes clínicos de uma vacina contra o câncer de pele ainda neste ano, anunciaram as empresas nesta semana. Caso sejam positivos, o estudo irá para a terceira e última etapa antes da aprovação pelas agências reguladoras. A novidade em desenvolvimento é diferente das vacinas tradicionais, destinadas à prevenção de doenças infecciosas, e atua no tratamento do melanoma, o tumor de pele mais letal.

Para ativar o sistema imunológico contra as células cancerígenas, a vacina utiliza a tecnologia de RNA mensageiro (RNAm), plataforma que ganhou um impulso a partir dos investimentos para combater a pandemia da Covid-19. Com os estudos, que levaram as vacinas da Pfizer e da Moderna para o coronavírus a saírem do papel, a tecnologia se mostrou altamente eficaz em despertar a proteção do organismo e abriu uma nova porta na ciência para evitar e tratar doenças. 

“Com os dados esperados para este trimestre sobre a PCV (sigla em inglês para vacina personalizada para câncer), continuamos entusiasmados com o futuro e o impacto que o RNAm pode ter como um novo paradigma de terapia no tratamento do câncer. Continuar nossa aliança estratégica com a Merck (MSD no Brasil) é um marco importante, pois continuamos a aumentar nossa plataforma de RNAm com programas clínicos promissores em várias áreas terapêuticas”, diz o presidente da Moderna, Stephen Hoge, em comunicado.

Para estimular a ação no organismo, o RNAm funciona como um código com instruções para que as células do próprio corpo produzam determinada proteína. No caso das vacinas da Covid-19, por exemplo, em vez de o imunizante introduzir o vírus inativado ou uma parte dele para que o sistema imunológico o reconheça e crie a proteção, o RNAm utiliza o próprio organismo como “fábrica” da proteína S do coronavírus, que então induz o corpo a produzir as células de defesa e anticorpos para o Sars-CoV-2.

Agora, a tecnologia é uma esperança não apenas de aplicações em desenvolvimento para tratar câncer, como também para vacinas que protegem contra o HIV, a zika e outras doenças que têm imunizantes de RNA mensageiro atualmente em fase de testes.

Vacina personalizada para o câncer

Além de não atuar na prevenção, e sim no tratamento, há uma outra diferença na mRNA-4157/V940, a aplicação desenvolvida pela Moderna e pela MSD para o melanoma: ela é personalizada. Nesse caso, como os tumores são diferentes de pessoa para pessoa, os laboratórios coletam antígenos específicos do câncer do paciente e desenvolvem o imunizante individual, que induzirá o sistema imunológico daquela pessoa a produzir células T de defesa contra o tumor.

Para ser ainda mais eficiente, a dose está sendo testada em 157 pacientes junto ao medicamento Keytruda, da MSD, considerado hoje a linha de tratamento padrão para o melanoma. Trata-se de um anticorpo monoclonal que também ativa o sistema imune para reconhecer as células cancerígenas e atacá-las.

Essas estratégias são necessárias porque os tumores carregam em si uma proteína chamada de inibidora de checkpoint, responsável por “esconder” o câncer do sistema imunológico e, com isso, não ser atacado por ele.

As empresas Moderna e MSD firmaram a possibilidade de uma parceria para desenvolvimento e comercialização da vacina originalmente em 2016, mas somente agora o acordo está sendo de fato oficializado por meio de um pagamento de US$ 250 milhões pela MSD à Moderna.

“Esta colaboração de longo prazo combinando a experiência da Merck (MSD no Brasil) em imuno-oncologia com a tecnologia pioneira de RNAm da Moderna resultou em uma nova abordagem de vacina personalizada. Estamos ansiosos para trabalhar com nossos colegas da Moderna para avançar a mRNA-4157/V940 em combinação com o Keytruda, pois se alinha à nossa estratégia para impactar a doença em estágio inicial”, afirma o vice-presidente sênior e chefe de desenvolvimento clínico global da MSD, Eliav Barr, em comunicado.

Fonte: Globo.com

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