TPO é essencial para o diagnóstico correto da alergia alimentar

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A prevalência da alergia alimentar vem aumentando ao longo dos anos e, a despeito de todo o avanço científico, a principal medida terapêutica ainda é a exclusão dietética do agente causal, o que gera importantes impactos nutricionais, psicológicos e financeiros, não só para as famílias, como para a rede pública de saúde. Diagnosticar corretamente a alergia alimentar é um desafio, que nos impomos diariamente, na nossa prática clínica.

O Teste de provocação oral é considerado o exame “padrão ouro” para diagnosticar da alergia alimentar. Consiste na oferta do alimento suspeito de estar causando a alergia, em intervalos regulares, sob supervisão médica, para monitoramento de possíveis reações. Dra. Jackeline Motta Franco, Coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de alergia e Imunologia (ASBAI), explica quais são as principais indicações do TPO:

  • Confirmar ou excluir uma alergia alimentar;
  • Avaliar aquisição de tolerância em alergias alimentares potencialmente transitórias como a do leite, do ovo, do trigo ou da soja;
  • Avaliar reatividade clínica em pacientes sensibilizados e nos com dieta restritiva a múltiplos alimentos;
  • Determinar se alérgenos alimentares associados com doenças crônicas podem causar reações imediatas;
  • Avaliar tolerância a alimentos envolvidos em possíveis reações cruzadas, e
  • Avaliar o efeito do processamento do alimento em sua tolerabilidade.

Quando positivo, o teste traz benefícios relacionados à confirmação do diagnóstico de alergia alimentar, à redução do risco de exposição acidental e da ansiedade sobre o desconhecido, além de validar o esforço do paciente e de seus familiares em evitar o alimento. Se negativo, permite a ingesta do alimento suspeito, reduzindo o risco nutricional e melhorando a qualidade de vida do paciente”, explica Dra. Jackeline.

Como é feito o TPO – Pode ser realizado em pacientes de qualquer idade e com alergia de diferentes mecanismos imunológicos.

O TPO em pacientes com alergia alimentar mediada por IgE, que surge quando os sintomas ocorrem dentro de duas horas, deve ser realizado com doses tituladas, para evitar reações graves, e sempre em ambiente controlado e com equipe capacitada para prestar assistência a um paciente com possibilidade de desenvolver anafilaxia.

Nas alergias não mediadas por IgE, os sintomas, em sua maioria, são predominantemente gastrointestinais, com sintomas tardios, entretanto, um quadro de enterocolite aguda grave pode ocorrer, sendo necessário acesso venoso para hidratação e observação por um período mais prolongado.

A Coordenadora de Alergia Alimentar da ASBAI ressalta que o médico deve permanecer ao lado do paciente durante a realização dos testes de provocação oral. “Na presença de reações clínicas, com o auxílio da equipe de enfermagem, medicações deverão ser administradas e a monitorização periódica dos sinais vitais deverá ser realizada até controle das manifestações clínicas”, explica Dra. Jackeline.

Os sintomas da alergia alimentar são bastante variados e podem se manifestar desde vermelhidão em regiões isoladas do corpo a um colapso cardiovascular. Entre as manifestações possíveis, destacam-se:

– Cutâneas: placas vermelhas localizadas ou difusas por todo corpo (urticária), inchaço de olhos, bocas e orelhas (angioedema), coceira. A dermatite atópica, lesão de pele extremamente pruriginosa (muita coceira), está associada a alimentos apenas nas formas mais graves (dermatite ou eczema disseminados pelo corpo e não apenas em dobras de cotovelos e joelhos).

– Gastrointestinais: diarreia e vômitos imediatos; diarreia com ou sem sangue, refluxo, vômitos persistentes e perda de peso.

– Respiratório: coriza, espirros e chiado no peito (broncoespasmo) podem ocorrer de forma imediata após a ingestão do alimento. Pacientes com asma não controlada são mais predispostos a este sintoma. Mas, é importante ressaltar que sintomas crônicos do sistema respiratório, como rinite e asma, dificilmente são manifestações de alergia alimentar quando não houver alterações cutâneas e/ou gastrintestinais.

– Cardiovasculares: a queda da pressão arterial, levando ao desmaio, à tontura, arroxeamento dos lábios (hipóxia) caracterizando o choque anafilático, podem representar a forma mais grave da doença, com evolução muitas vezes imprevisível.

Fonte: NEWSLAB

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