H3N2: uma epidemia durante a pandemia

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Entenda sobre a epidemia de gripe influenza tipo A cepa H3N2, em meio a pandemia de COVID-19, que o Brasil tem enfrentado nos últimos meses.

O influenza é um vírus sazonal que circula o ano todo, porém, com maior predominância em épocas mais frias do ano entre o outono e inverno. No entanto, nos últimos meses o Brasil vem enfrentando uma epidemia de gripe influenza tipo A cepa H3N2 em meio a pandemia de COVID-19, o que pode representar um maior risco para a saúde pública. Entenda mais a seguir.

Influenza

O Influenza é um vírus de RNA com alta taxa de mutação, assim como o vírus da COVID-19, portanto é necessário que os imunizantes sejam atualizados com certa frequência para cobrirem as variantes do vírus em circulação no ano.

Anualmente, entidades de saúde de cada país do mundo, chamadas de unidades sentinelas da vigilância, coletam amostras dos vírus influenza circulantes, realizam o sequenciamento do genoma destes patógenos e enviam os dados genéticos para a Organização Mundial da Saúde (OMS). Então, a OMS elege quatro variantes do vírus, sendo dois subtipos de Influenza tipo A (H1N2 e H3N2) e duas variantes de influenza tipo B (linhagens Yamagata e Victoria) para compor os imunizantes que serão desenvolvidos nos países para a próxima temporada de alta circulação do vírus. No Brasil, as entidades responsáveis pela análise são o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro e o Instituto Evandro Chagas, no Pará.

No entanto, devido as medidas de proteção que foram usadas para controlar o contágio de SARS-COV-2, outros vírus respiratórios não circularam com a mesma frequência, incluindo os vírus da gripe. Com isso, não foi possível definir com maior precisão em alguns locais qual seria a variante circulante para o desenvolvimento da vacina para o ano de 2021.

Por conta da flexibilização das medidas de proteção contra a COVID-19 e reabertura de alguns setores diante da imunização da população, os vírus respiratórios voltaram a circular, entre eles o influenza. Ao mesmo tempo, a vacinação contra a gripe teve baixa adesão o que, por consequência, resulta em uma baixa taxa de imunização da população. Com isso, segundo um relatório divulgado no final de dezembro pela OMS, os casos de gripe começaram a aumentar globalmente, sendo a Influenza A (H3N2) identificada como predominante na maioria dos continentes.

Desde o final do ano de 2021, o Brasil vem enfrentando um surto de gripe fora da temporada em que normalmente ocorre entre os meses de maio e julho. Um dos motivos é que uma das variantes do vírus influenza A predominantemente circulantes, nomeada como H3N2/Darwin, não foi selecionada para a composição da vacina da gripe para o hemisfério Sul.

Variante Darwin/H3N2

A variante Darwin é representante de um cluster 3C.2a1b.2a.2 que havia sido identificado em amostras coletadas pelas unidades sentinelas da vigilância da gripe na Austrália. Seu nome se refere ao lugar onde o cluster foi sequenciado pela primeira vez, no município de Darwin. No entanto, a variante de Influenza A selecionada para compor a vacina do hemisfério Sul foi a cepa de Hong Kong. Desde novembro de 2021, a variante Darwin vem sendo identificada em vários estados brasileiros e causando alta de casos nas principais regiões urbanas do país.

Desde que a variante Darwin foi identificada, a OMS sugeriu a sua inclusão na composição da vacina para gripe, que será aplicada neste ano de 2022. O Instituto Butantan, responsável pelo desenvolvimento do imunizante no Brasil, já iniciou a produção da vacina trivalente contra influenza, compostas pelos vírus H1N1, H3N2/Darwin e a cepa B. Segundo o Ministério da Saúde, a previsão é que a vacine chegue ao Brasil em março deste ano.

Embora a vacina atualmente disponível no sistema de saúde brasileiro tenha baixa efetividade para a variante H3N2/Darwin, a aplicação continua sendo importante, já que outras variantes de influenza cobertas pelo imunizante continuam em circulação.

Flurona: infecção por influenza e coronavírus

Além da epidemia de influenza no Brasil durante uma pandemia de Sars-Cov-2, recentemente diversos casos de coinfecção pelos dois vírus vem sendo reportados. A infecção simultânea pela gripe e COVID-19 vem sendo chamada de flurona, e foi confirmada pela primeira vez em Israel.

No entanto, a coexistência dos dois vírus não é inesperada, e já era uma suspeita desde o início da pandemia. O perigo relacionado com a coinfecção está principalmente nos sintomas causados pelos dois vírus respiratórios. A resposta à infecção pelo coronavírus e influenza simultaneamente pode ser especialmente perigosa para pessoas com o sistema imunológico fragilizado como as dos grupos de risco.

Um artigo publicado na revista virologia da Nature em 2021 sobre coinfecção por influenza associada à gravidade e mortalidade em pacientes com COVID-19, destaca sobre a importância do rastreamento para infecções simultâneas de vírus em pacientes com a doença. Os pesquisadores concluíram através do estudo, que a coinfecção pode ser a principal causa de gravidade da COVID-19 e morte. Portanto, a vacinação contra a gripe é fortemente encorajada para controlar a transmissão do vírus da influenza durante a pandemia de COVID-19.

H3N2: Sintomas e como se proteger

Os sintomas relacionados à infecção pelo vírus influenza H3N2 são similares aos do Sars-Cov-2. Entre eles febre, tosse, dor de cabeça, dor muscular, cansaço, coriza, calafrios. Por isso, é importante realizar o diagnóstico através de exames específicos para cada vírus.

Como dito anteriormente, assim como o vírus da COVID-19, o influenza é um vírus respiratório, que é transmitido por gotículas de saliva liberadas no ar ao tossir, espirrar ou falar. Portanto, para se proteger contra a influenza, as medidas são as mesmas recomendadas para a proteção contra a COVID-19:

  • Higienização das mãos
  • Evitar aglomerações
  • Utilizar máscara
  • Tomar a vacina quando disponível

Fonte: NEWSLAB

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