Levantamento do Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que cerca de 65 mil novos casos de câncer de próstata sejam registrados no Brasil em 2021. Mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade , já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. “Muitos homens já chegam no meu consultório com a doença em estágio avançado”, afirma Dr. Carlo Passerotti, urologista e coordenador do Centro de Cirurgia Robótica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, lembrando que muitos diagnósticos ficaram represados nos últimos meses por causa da pandemia de Covid-19.
O crescimento observado nas taxas de incidência do câncer de próstata no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida da população. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A maioria , porém, evolui de forma lenta (cerca de 15 anos para atingir 1 cm³) que não chega a dar sinais durante a vida.
O estudo PURE (Prospective Urban Rural Epidemiology), que no Brasil é coordenado pelo Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, avaliou as causas de mortalidade no mundo por meio da análise de 162.534 participantes de xx países seguidos por quase 10 anos. Nessa pesquisa verificou-se que a incidência de câncer vem crescendo no Brasil e já é responsável por 26% de todos os óbitos no país. O estudo revelou ainda que o câncer representou a segunda causa mais comum de óbito, antes da Covid-19, e claramente pode se tornar a principal causa de morte no mundo dentro de poucas décadas. Em 2020, cerca de 30% dos casos de câncer masculino foram de próstata, segundo levantamento do INCA (Instituto Nacional do Câncer)
Novas drogas e avanços no tratamento
Cirurgia para extração do tumor de próstata, radioterapia, hormonioterapia e quimioterapia são, atualmente, as opções de tratamento mais eficazes para esse tipo de câncer. O oncologista Dr. Ariel Kann, do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, reforça que a estratégia terapêutica é definida pelas equipes médicas de acordo com as características dos tumores e das condições clínicas de cada paciente. Os profissionais do Centro participam de forma ativa de pesquisas de novas medicações e terapias para garantir o avanço contínuo da ciência oncológica, além da introdução dos mais modernos tratamentos ao alcance dos pacientes.
Uma das drogas desenvolvidas recentemente é o PSMA-177Lu, procedimento utilizado para tratar o câncer de próstata metastático. Aprovada pela Anvisa em 2019, é indicado para pacientes com carcinoma da próstata resistente à castração, com metástases ósseas, locorregionais, linfonodais e viscerais. “É considerado como ótima alternativa terapêutica, bastante eficaz na redução de volume do tumor, na melhora da qualidade de vida, na diminuição de dores ósseas e das complicações das metástases, com queda do PSA , que é O antígeno prostático específico, usado principalmente para rastreamento do câncer de próstata em homens assintomáticos. em até 60% dos pacientes”, explica o oncologista.
A técnica consiste em utilizar uma molécula com alta afinidade pela PSMA, uma proteína que aparece em grande quantidade nas células do câncer de próstata. Para o diagnóstico, essa molécula se une a um elemento químico radioativo, o gálio-68, que brilha em uma exploração com tomografia PET (por emissão de pósitrons). Para o tratamento, a mesma molécula se une a outro elemento químico, o lutécio-177, que emite uma radiação local capaz de matar as células cancerosas. É como disparar primeiro uma flecha com uma lâmpada e depois outra flecha com uma pequena carga explosiva.
Fonte: NEWSLAB