Pacientes submetidos à terapia intensiva por causa da COVID-19 grave podem apresentar perda muscular e diminuição da força muscular de forma acelerada (em apenas 10 dias de internação na UTI), conforme indica estudo.
“A perda progressiva da massa muscular associada à perda da força muscular e redução do desempenho físico caracteriza a síndrome chamada sarcopenia. A perda de massa muscular em pacientes internados chega a 3,7% ao dia, maior que em outras doenças severas”, comenta Dra. Célia Regina Nogueira, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).
A covid-19 é uma doença infecciosa que atinge múltiplos órgãos, caracterizada por um estado inflamatório grave e altamente catabólico. Com isso, acaba influenciando profundas mudanças na constituição corporal, especialmente na quantidade, estrutura e função dos músculos esqueléticos, o que leva ao desenvolvimento da Sarcopenia aguda. “Esse processo pode acarretar a deterioração funcional e física pós-covid”, explica Dra. Célia.
O paciente com covid-19 apresenta mialgia, anosmia (o que dificulta a alimentação e a reposição de proteínas adequadamente) e insuficiência renal (com perda de albumina). Esses sintomas, associados ao tempo de hospitalização e o uso de corticoides durante a internação, estão diretamente relacionados ao surgimento da sarcopenia.
“Sabe-se que o músculo esquelético expressa ACE2 (acetilcoenzima 2) utilizada no processo de reconhecimento/entrada do SARS-CoV-2 na célula sendo mais um fator para agravar a perda de massa muscular em pacientes com covid-19. E as medidas de força muscular, quantidade e desempenho físico devem ser incorporadas à prática clínica, considerando a possibilidade de sarcopenia aguda ao avaliar os riscos e benefícios do tratamento e instigar o tratamento multidisciplinar”, finaliza a endocrinologista.
O exercício físico, portanto, é fundamental para a recuperação da sarcopenia e associadamente foi reportado o impacto positivo da irisina.
Estudo conduzido por pesquisadores brasileiros sugere que a irisina, hormônio liberado durante o exercício físico, pode ter efeito terapêutico para a covid-19.
“Sabíamos quais eram os genes associados à maior replicação do vírus; então fomos verificar nos nossos resultados a relação da irisina com esses genes. Analisamos dados de expressão gênica de células adiposas e observamos que a irisina tem efeito modulador em genes associados à maior replicação do vírus.”, explica Dra. Célia Regina, coordenadora do estudo.
A partir de cruzamento de dados, verificou-se que o tratamento de células adiposas subcutâneas humanas colocadas em cultura e tratadas com irisina diminui a expressão de genes fundamentais para a replicação do vírus da covid em células humanas. Esses resultados foram publicados na revista Molecular and Cellular Endocrinology.
Fonte: NEWSLAB