A hepatite C é causa importante de morbimortalidade devido a complicações como cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. O tratamento do vírus da Hepatite C (HCV) com os antivirais de ação direta (DAA) mudaram drasticamente o curso da hepatite C, chegando a taxas de cura superiores a 95%. Assim, sua erradicação tem grande impacto na saúde pública.
Além de medidas preventivas e aumento da testagem, o tratamento do HCV é fundamental para atingir a meta de erradicação da infecção até 2030, proposta pelo Ministério da Saúde em 2018.
Características
O HCV possui 06 genótipos, sendo o genótipo 1 o mais prevalente em todo o mundo, seguido pelo genótipo 3. No Brasil, o tratamento do HCV é gratuito e ofertado pelo Sistema Único de Saúde.
De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e coinfecções de 2018, a escolha do tratamento da Hepatite C é feita de acordo com a genotipagem.
- Genótipo 1 sem doença renal crônica: Sofosbuvir + Ledipasvir
- Genótipos 2, 3, 4, 5 e 6 sem doença renal crônica: Sofosbuvir e Velpatasvir
- Genótipos de 1 a 6 com doença renal crônica: Glecaprevir/Pibrentasvir
No início de dezembro de 2020, o Ministério da Saúde divulgou uma nota informativa orientando a alteração temporária no tratamento da Hepatite C. Tal mudança se deve à atual suspensão da genotipagem do HCV, visto que o contrato vigente com a empresa responsável terminou em novembro desse ano, e ainda está em negociação.
Para evitar danos relacionados à suspensão do exame, foi proposto o tratamento pangenotípico, ou seja, capaz de tratar de forma eficaz qualquer genótipo do HCV.
O mesmo será oferecido a pacientes acima de 18 anos, virgens de tratamento com antivirais de ação direta (DAA), independente da genotipagem.
As farmácias deverão garantir a liberação das medicações na quantidade adequada para o tratamento, além de se certificar de que a medicação estará dentro da validade no período proposto. As prescrições e solicitações para uso do medicamento sofosbuvir/ledipasvir, previamente realizadas, vão continuar sendo atendidas.
Nesse período, a conduta para pacientes com menos de 18 anos deverá ser individualizada e discutida junto ao Programa Nacional de Prevenção e Controle das Hepatites Virais.
A princípio, tal norma tem validade até 28/02/2021. Cabe ressaltar que, em diversos países europeus e nos Estados Unidos, o tratamento pangenotípico já é utilizado. Essa conduta possui a vantagem de reduzir a “via crucis” enfrentada por esses pacientes desde o diagnóstico até o tratamento. Essa, envolve os vários percursos desde o teste rápido e/ou sorologia; quantificação da carga viral através de HCV-PCR; genotipagem; escolha e solicitação das medicações, até a chegada do tratamento nas mãos do paciente.
Fonte: PEBMED