Pesquisadores identificaram ao menos cinco sequências do código genético humano, o DNA, que estão ligadas a casos graves de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Os achados foram publicados nesta sexta-feira (11) na revista científica “Nature”, uma das mais importantes do mundo.
O DNA é longo, formado por 4 letras: A, C, T e G. São necessárias 3 bilhões delas para formar um ser humano, explicou o médico intensivista Kenneth Baillie, autor sênior do estudo ligado à Universidade de Edimburgo, na Escócia, em sua página no Twitter.
Os estudiosos analisaram os códigos genéticos de mais de dois mil pacientes com casos graves de Covid-19 para identificar as cinco sequências no DNA associadas a uma forma mais grave da doença.
Uma mudança no DNA perto do gene TYK2 é mais comum em pessoas que precisam de cuidados intensivos para tratar a Covid, explicou Baillie. “Nessa posição, se você tem um código com um “T” no lugar do “C”, seu risco de ter Covid grave é 1,3 vezes maior”, disse.
“Não parece muito, e comparado ao efeito da idade no risco [de Covid grave], não é”, continuou o médico. A mudança na letra aumenta a quantidade de genes TYK2 que uma pessoa tem. E isso aumenta o risco de Covid grave.
“Menos TYK2 está associado com risco mais baixo. Isso sugere que uma droga [remédio] que iniba o TKY2 poderia tornar menos provável que as pessoas desenvolvam Covid grave. A boa notícia é que temos uma classe inteira de drogas que fazem isso”, completou Baillie.
Na pesquisa, os cientistas sugerem nove tratamentos a serem estudados contra a Covid-19 a partir das descobertas, mas destacam que eles precisam ser testados antes de serem dados à população.”Já sabemos que a evidência [científica] genética dobra a chance de que um medicamento dê certo”, afirmou Baillie.
O grupo estudou 2.244 pacientes internados com Covid-19 em 208 unidades de terapia intensiva (UTIs) do Reino Unido. O número equivale a mais de 95% das UTIs do país.
Os autores sugerem que remédios que tenham como alvo os processos inflamatórios, por exemplo, poderiam ajudar no tratamento de pacientes com casos graves de Covid-19. “Isso mostra a beleza da genética para descobertas de alvos de medicamentos”, comentou Baillie.
Fonte: iG Saúde