Casos de reinfecção reforçam necessidade de cuidados mesmo após recuperação

Ainda não existem evidências robustas sobre a imunidade que a Covid-19 pode conferir após a infecção. Além disso, alguns casos, em menor quantidade, têm demonstrado a possibilidade de reinfecção pela doença, tendo sido confirmado, em agosto, por sequenciamento genético, o primeiro deles, em Hong Kong.

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Outros dois relatos europeus foram publicados após a primeira divulgação, além de um de um paciente do Equador. Esta semana, o Lancet publicou mais um caso de possível reinfecção, desta vez nos Estados Unidos.

Reinfecção pela Covid-19

Um homem de 25 anos, residente do estado de Nevada, realizou um teste em um evento comunitário realizado pelo distrito onde morava em 18 de abril. Ele apresentava sintomas, como dor de garganta, tosse, dor de cabeça, náusea e diarreia, desde o dia 25 de março. O RT-PCR, coletado por swab nasofaríngio, deu resultado positivo para SARS-CoV-2.

O paciente relatou em 27 de abril que os sintomas haviam cessado durante o isolamento. Dois testes realizados posteriormente deram resultados negativos para infecção. Porém, o paciente se sentiu bem apenas até o dia 28 de maio. Três dias depois, ele compareceu à emergência com febre, dor de cabeça, tontura, tosse, náusea e diarreia. Foi realizada uma radiografia de tórax e ele teve alta para casa.

No dia 5 de junho, o homem foi até um posto de atenção primária, onde relatou dispneia e o médico identificou hipóxia. Ele foi instruído a ir a um hospital, onde foi internado para receber oxigênio contínuo e um segundo swab foi coletado, apresentando resultado positivo. O homem relatou sintomas como mialgia, tosse e falta de ar.

Uma nova radiografia de tórax mostrou o desenvolvimento de opacidades intersticiais irregulares, bilaterais, sugestivas de pneumonia viral ou atípica.

Resultados

Como o paciente apresentou dois resultados positivos, com intervalos negativos entre eles, foi realizada um sequenciamento do ácido nucleico dos vírus associados aos testes. O sequenciamento Illumina demonstrou que a primeira espécime (A) tinha cinco variantes de nucleotídeo único (SNVs), enquanto a amostra B tinha seis adicionais e uma mutação na posição 14.407.

Essas descobertas foram confirmadas por análises adicionais de arquivos FASTQ gerados a partir das amostras A e B.

Conclusões

O homem não possuía imunocomprometimento, nem fazia uso de imunossupressor. Além disso, não foram observadas anormalidades na contagem de células. A segunda infecção aconteceu concomitantemente a um caso de um contato próximo, que morava em sua casa: seu pai.

É possível afirmar, após análises, que a segunda infecção aconteceu por uma mutação do vírus SARS-CoV-2. Diferente dos três primeiros casos de reinfecção (Hong Kong, Bélgica e Holanda), o paciente dos Estados Unidos teve maior gravidade após a reinfecção, um padrão mais semelhante ao caso do Equador.

Uma das limitações apresentadas é que não foi avaliado o perfil de imunidade do paciente após a primeira infecção. Além disso, não foi possível identificar quais mecanismos podem ser responsáveis por nova infecção ser mais grave.

Ainda assim, casos como esse reforçam a necessidade de manter os cuidados e distanciamento social mesmo após a recuperação.

Fonte: PebMed

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