Tabagismo como fator de risco para doença fúngica invasiva.

As doenças fúngicas invasivas estão associadas a grande morbidade e mortalidade, especialmente em indivíduos com alguma forma de imunossupressão. Dentre esses tipos de infecção, candidíase invasiva, aspergilose e pneumocistose são as mais prevalentes.

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Os principais fatores de risco para doença fúngica invasiva incluem neoplasias hematológicas, neutropenia prolongada, infecção pelo HIV, imunodeficiências primárias, diabetes mellitus, doença renal crônica e tratamento com corticoide. Acredita-se que exposições ambientais e laborais, como clima e trabalho com agricultura, e hábitos de vida, como o tabagismo, também possam contribuir para a infecção e o desenvolvimento da doença.

Estudos prévios já associaram o tabagismo a um maior risco de pneumonia bacteriana, meningite, candidíase e meningite criptocócica. Da mesma forma, crianças expostas a tabagismo passivo possuem risco aumentado de desenvolver doença meningocócica invasiva. Uma revisão sistemática com meta-análise procurou avaliar as evidências de associação entre tabagismo e doenças fúngicas invasivas.

Associação entre tabagismo e doença fúngica invasiva

Estudos prospectivos e retrospectivos de caso-controle e de coorte que investigaram a associação entre tabagismo e qualquer doença fúngica invasiva foram incluídos na revisão. Relatos de caso, séries de caso sem grupo comparador e estudos seccionais foram excluídos.

Para a busca na literatura, as doenças fúngicas invasivas pesquisadas foram aspergilose invasiva ou outras infecções por outros fungos filamentosos patogênicos, aspergilose invasiva em indivíduos com DM ou infecção pelo HIV, candidíase invasiva, doença criptocócica, pneumocistose e doenças invasivas por fungos dimórficos endêmicos, como esporotricose, histoplasmose, paracoccidioidomicose, entre outros.

A exposição não se limitou a cigarros. Foram incluídas na revisão não só a exposição atual ou prévia a qualquer tipo de tabaco, mas também a Cannabis, crack ou ópio.

As análises foram estratificadas por tipo de infecção, população, tipo de produto consumido, se a exposição era atual ou prévia e características do estudo e época, uma vez que em 2002 foi publicado um consenso de critérios de definição de doença fúngica invasiva pela EORTC/MSG, o que poderia alterar a forma de diagnóstico.

Resultados dos estudos

Após busca na literatura e aplicação de critérios de inclusão e exclusão, 25 artigos foram incluídos na revisão, a maioria explorando a exposição a tabaco. No total, foram avaliados dados referentes a 18.171 participantes.

Para comparação de risco de doença fúngica invasiva entre fumantes e não fumantes, os estudos foram subdivididos, chegando a 32 coortes. Destas, em 21 houve maior risco de doença em fumantes, o que também foi encontrado na meta-análise (RR = 1,41; IC 95% = 1,09 – 1,81; p = 0,008).

Subanálises mostraram que a associação pareceu maior para fungos dimórficos endêmicos, em pacientes com neoplasias hematológicas e para exposições a outros produtos que não o tabaco. Entretanto, ao usar a técnica de metarregressão, tipo de infecção fúngica, população e tipo de produto consumido não influenciaram significativamente a associação entre tabagismo e doença fúngica invasiva. O risco também foi mais alto em estudos retrospectivos, em estudos de caso-controle, em estudos com análise multivariada e em estudos publicados após 2002. Exceto pelos estudos de caso-controle, os resultados foram confirmados com a técnica de metarregressão.

Fonte: PebMed|Autora: Isabel Cristina Melo Mendes

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