Características do caso
Os pesquisadores Taormina e colaboradores descreveram o caso de um menino de 5 meses de idade, previamente saudável, proveniente do Estado americano de Maryland, que deu entrada no pronto-socorro (PS) do Children’s National Hospital em Washington, Columbia, com história de seis dias de febre e congestão nasal. Antes de comparecer ao setor de emergência, ele estava fazendo uso de prednisolona oral por vários dias, devido aos sintomas respiratórios. O bebê evoluiu com irritabilidade, sem vômitos ou movimentos anormais. A mãe relatou a presença de “pontos rosados” no corpo poupando o rosto, e que resolveram espontaneamente um dia antes da admissão. O irmão de 3 anos tinha sintomas compatíveis com infecção do trato respiratório superior. Não havia história de outros contatos doentes. A criança não estava frequentando creche e a família negava viagens internacionais recentes.
A criança foi admitida no PS com quadro de febre (TAX 41,5 °C). Apresentava taquicardia (> 200 batimentos por minuto) que melhorou após 3 etapas de expansão com soro fisiológico. Foi iniciado empiricamente ceftriaxona após a coleta de hemocultura. As investigações laboratoriais iniciais incluíram leucocitose com desvio, uma contagem de plaquetas de 136.000/microlitros e níveis normais de aminotransferase. Após a admissão na Enfermaria, o paciente apresentava fontanela anterior abaulada e alternava sonolência com agitação. Foi realizada punção lombar, cujo líquido cefalorraquidiano com leucócitos aumentados.
A hemocultura aeróbia tornou-se positiva após 19 horas de incubação, mostrando cocobacilos Gram-negativos. Noventa minutos depois, foi positiva para Neisseria meningitidis. Um painel de PCR multiplex no LCR também foi positivo para Neisseria meningitidis. A cultura do LCR e subsequentes hemoculturas foram negativas, sugerindo boa resposta à terapia inicial com ceftriaxona.
Tratamento
O bebê foi tratado com ceftriaxona 50 mg/kg/dose duas vezes ao dia por 7 dias. Embora o menino tenha sido tratado com antibiótico de amplo espectro e liberado após 1 semana no hospital, o microrganismo causador da meningite bacteriana foi considerado resistente aos seguintes medicamentos: ampicilina, penicilina, sulfametoxazol-trimetoprim, ciprofloxacino e levofloxacino. O germe permaneceu suscetível à azitromicina, cefotaxima, ceftriaxona, cloranfenicol, meropenem, minociclina e rifampicina.
Mensagem final
Segundo os pesquisadores, em geral, os laboratórios de microbiologia não testam a resistência antimicrobiana ou a presença de β-lactamases em isolados de Neisseria meningitidis devido à raridade previamente documentada de resistência antimicrobiana. No entanto, este caso levou à investigação do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) de isolados meningocócicos durante 2013-2020, que eventualmente identificou um total de 33 isolados produtores de β-lactamase, 11 dos quais também eram resistentes à ciprofloxacino. Portanto, isso sugere que o teste de suscetibilidade de rotina para isolados de meningococo pode ser benéfico para orientar o tratamento e recomendar a prolafixia.
Fonte: PebMed| Autora: Roberta Esteves Vieira de Castro