Mulheres grávidas e no puerpério que foram diagnosticadas com Covid-19 em um hospital parecem ter menos probabilidade de ter sintomas como febre e dor muscular, mas mais probabilidade de serem submetidas à UTI, de acordo com um novo estudo publicado no periódico BMJ nesta terça-feira (1º).
A pesquisa também concluiu que mulheres grávidas com Covid-19 tem risco maior de parto prematuro, mas que a porcentagem em que isso acontece não é alta.
“Descobrimos que uma a cada dez mulheres grávidas ou no puerpério que estão indo ou foram a um hospital por qualquer motivo foram diagnosticadas ou tiveram suspeita de Covid-19, apesar das taxas variarem”, escreveram os pesquisadores, de várias instituições na Europa e na China.
Os pesquisadores revisaram 77 estudos sobre a Covid-19 em mulheres grávidas e no puerpério, publicados entre 1º de dezembro e 26 de junho.
Somados, esses trabalhos incluíam dados de 13.118 mulheres grávidas ou no puerpério que tiveram Covid-19 e 83.436 mulheres em idade reprodutora que não estavam grávidas e que tiveram a doença também.
“Os sintomas relacionados à Covid-19 como febre e mialgia [dor muscular] se manifestaram menos frequentemente em mulheres grávidas ou que estiveram grávidas recentemente do que em mulheres não-grávidas em idade reprodutora”, escreveram os pesquisadores.
“Mulheres grávidas ou que estiveram grávidas recentemente com Covid-19 parecem ter maior risco de precisarem de internação na UTI ou de ventilação invasiva”.
Mulheres mais velhas, gordas e com condições como diabetes, doença nos rins ou outras condições crônicas também podem ter maior risco de contrair a forma mais grave da doença, disseram.
Os pesquisadores também descobriram nesses estudos que mulheres grávidas e com Covid-19 tinham risco maior de parto prematuro e de que seus bebês fossem internados na unidade neonatal, apesar das taxas gerais de partos prematuros espontâneos não serem altas. As taxas de natimortos e mortes neonatais são baixas, concluíram.
Os estudos usados na revisão incluem relatos de mulheres grávidas que precisaram ir o hospital e não havia muitas pesquisas sobre resultados filtrados por trimestre.
“Revisões como esta só podem ser tão boas quanto os estudos que reúnem, e é importante assinalar que uma proporação grande dos estudos incluídos têm risco considerável de serem enviesados”, disse Marian Knight, professora de saúde maternal e infantil na Universidade de Oxford em nota distribuída pelo Centro de Mídia do Reino Unido nesta terça.
“Também é importante reconhecer que, apesar dessa revisão reportar taxas elevadas de parto prematuro, há mulheres afetadas pela Covid-19 durante a gravidez que ainda estão grávidas e, portanto, não estão incluídas nos dados do estudo. Isso pode fazer com que as taxas de parto prematuro estejam elevadas artificialmente”, disse.
“Mesmo assim, algumas mulheres grávidas afetadas pela Covid-19 podem ter um parto prematuro subsequente e prevenir a infecção continua essencial”.
Edward Morris, presidente do Royal College de ginecologia e obstetrícia, disse em outra nota nesta terça que o novo estudo oferece “uma síntese compreensiva e bem-vinda da pesquisa disponível” sobre Covid-19 e gravidez.
“Apesar dos riscos gerais do coronavírus a mulheres grávidas serem baixos, as descobertas do estudo destacam riscos particulares para esse grupo”, disse.
“Mulheres grávidas estão incluídas no grupo de risco moderado como precaução e mulheres grávidas devem, portanto, continuar a seguir as últimas diretrizes do governo de distanciamento social e evitar qualquer um com sintomas que sugiram coronavírus”.
Fonte: CNN Brasil