Uma nova tecnologia apresentada na literatura como ferramenta diagnóstica auxiliar e recentemente avaliada pelo National institute for Health and Care Excellence (NICE) no Reino Unido, foi o teste rápido urinário – Actim Pancreatitis (Medixbiochemica).
Nova ferramenta diagnóstica para pancreatite aguda
Esse consiste em um teste por imunocromatografia capaz de dosar os níveis urinários de tripsinogênio-2, a partir de um volume mínimo de 500 mcL de urina, de pacientes com sintomas suspeitos de pancreatite aguda por qualquer etiologia ou mesmo após colangiopancreatografia retrógrada (CPRE) que possui um risco estimado em 5 a 10 % de evolução para pancreatite.
Se os níveis urinários forem superiores a 50 a 100.000 mcg/L, como ocorrem nos quadros de pancreatite aguda, uma linha azul aparecerá e uma segunda linha azul confirma que o teste funcionou adequadamente. Um teste negativo é demonstrado pela ausência de linhas azuis após cinco minutos de análise.
As supostas vantagens do método incluem seu pronto acesso, baixo custo, segurança e, principalmente, seu rápido resultado (em minutos), podendo diminuir o tempo de atendimento, diagnóstico e início do tratamento quando comparado a dosagem sérica de amilase e lipase comumente realizados em um intervalo de até 4 horas de seu processamento. Seu emprego pode ser efetuado não só no contexto emergencial, mas também ambulatorial seja pelo médico na atenção básica ou o especialista, até mesmo como método de triagem.
Uma análise de custos pelo National Health Service (NHS) demonstrou um gasto de £4.50 pelo teste urinário, enquanto os testes séricos de amilase e lipase custam em média £1.10 durante a internação e £4.81 ambulatorialmente com base em seus dados de 2018/2019.
Resultados
Evidências disponíveis na literatura quanto sua aplicabilidade e resultados diagnósticos demonstram um valor de sensibilidade de 82.3% e especificidade de 93.5%, incluindo uma metanálise (de treze estudos de pacientes com suspeição de pancreatite aguda) e cinco estudos observacionais prospectivos comparando o teste com os exames laboratoriais convencionais, com um total de pacientes avaliados de 3.134. A proporção de falso-negativos foi de 17% e 6.5% de falso-positivos.
Sua sensibilidade e especificidade para detecção do quadro pós-CPRE foi avaliado em 81 a 100% e 96 a 97.1%, respectivamente. Nos estudos avaliados, o ponto de corte para o diagnóstico foi de 50 mcg/L e naqueles que reportaram a gravidade do quadro, houve uma proporção de 13 a 40% de doença grave. As críticas principais a esses estudos foram o pequeno grupo amostral, a reprodutibilidade populacional já que a maioria ocorreu em países Asiáticos.
Quando analisado pelos especialistas do NIH, alguns apontaram que a positividade do teste não excluiria a necessidade dos testes séricos, mesmo por conta de sua necessidade para seguimento clínico durante a internação; seu maior custo em relação aos métodos tradicionais; escassez de dados suficientes para o seu emprego além da dificuldade do teste em reduzir o fluxo atual nas emergências; de modo que não há certeza pelos mesmos do uso desse teste no NHS.
Apesar de ainda muito precoce para seu emprego difundido, essa inovação tecnológica pode vir ou não a compor parte do arsenal diagnóstico de pancreatite aguda no futuro.
Fonte: PebMed|Autor: Caio Cesar Bianchi de Castro