O novo exame utiliza algoritmos de inteligência artificial para analisar amostra de plasma sanguíneo e procurar por um padrão de moléculas característico em pacientes com a enfermidade.
Coordenado pelos professores Rodrigo Catharino, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual de Campinas (FCF/Unicamp), e Anderson Rocha, do Instituto de Computação (IC/Unicamp), o projeto também teve a participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e de colaboradores de centros do Amazonas.
Um dos benefícios do teste é conseguir prever os infectados que terão maior risco de complicações em decorrência do novo coronavírus, como a insuficiência respiratória e distúrbios de coagulação sanguínea.
Os resultados das testagens foram publicados no MedRXIV, em 27 de julho, ainda sem revisão por pares. O método está sendo licenciado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A previsão é que a autorização seja concedida em dois meses.
A pesquisa contou com a participação de 728 pacientes, sendo 369 com diagnóstico positivo para a Covid-19 confirmado clinicamente e por RT-PCR, entre casos com sintomas leves e graves.
As amostras de indivíduos não infectados foram utilizadas para comparação, como uma espécie de grupo controle. No caso de alguns pacientes que desenvolveram complicações e precisaram ser internados, foi coletada uma segunda amostra de sangue.
“Os maiores desafios deste projeto foram justamente conseguir separar as moléculas que são alteradas pela presença do vírus e diferenciar isso de outras alterações normais do sangue”, contou o pesquisador Anderson Rocha, em entrevista ao Portal de Notícias da PebMed
Vantagens do teste rápido brasileiro
Rapidez
Enquanto os resultados dos testes de sangue disponíveis no mercado podem demorar dias, o brasileiro é capaz de diagnosticar a Covid-19 em apenas 20 minutos.
Menor custo
Enquanto o teste RT-PCR custa em torno de R$ 80 a R$ 100, o brasileiro deve custar R$ 40. Isso porque não necessita de insumos caros e importados.
Praticidade
É realizado a partir de uma gota de sangue.
Alta confiabilidade
O teste brasileiro demonstrou 97,6% de especificidade e 83,8% de sensibilidade para o diagnóstico da Covid-19 durante a realização do teste cego. A análise de risco para manifestação grave mostrou especificidade de 76,2% e sensibilidade de 87,2%.
Potencial de melhoria
O teste foi desenvolvido com um método de inteligência artificial que permite a incorporação de novos conhecimentos automaticamente à medida que novas amostras chegam.
“Se hoje ele tem uma taxa de acerto em torno de 90%, é provável que acerte ainda mais quando chegar a milhares de pacientes analisados”, afirmou Anderson Rocha.
Fonte: PebMed|Autora: Úrsula Neves