Pesquisas feitas nos EUA e Alemanha identificaram uma ação eficaz dos linfócitos CD4 e CD8, o que será fundamental para o desenvolvimento de uma vacina eficiente

Memória imunológica é promissora no combate à Covid-19, dizem estudos

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Novos estudos dos EUA e Alemanha trazem boas notícias em relação à capacidade do corpo humano adquirir imunidade contra o coronavírus e quanto à chance de sucesso de vacinas. Eles reforçam a hipótese de que a defesa não está relacionada a anticorpos e sim à ação de células “de memória” do sistema imunológico, os linfócitos CD4 e CD8. 

Por já terem combatido coronavírus de resfriados comuns, os linfócitos identificam no Sars-Cov-2 uma ameaça em potencial e o atacam antes que se multiplique no organismo.

Para o hematologista e oncologista Daniel Tabak, integrante da comissão que dá assessoria científica ao combate da Covid-19 no Rio de Janeiro e membro da Academia Nacional de Medicina, a imunidade celular é um caminho promissor no combate à doença.

“Os pesquisadores identificaram uma resposta de linfócitos CD4 e CD8 em indivíduos não expostos ao Sars-Cov-2 , o que indica reações cruzadas com outros coronavírus respiratórios. E as respostas celulares nos pacientes convalescentes têm boa correlação com os anticorpos neutralizantes. Isso será fundamental para o desenvolvimento de uma vacina eficaz”, afirma.

Estudos realizados

A pesquisa americana sobre a imunidade celular revelou uma forte resposta contra o Sars-CoV-2 num grupo de 20 adultos que se recuperam da Covid-19. Liderada pelo Instituto de Imunologia de La Jolla, nos EUA, ela foi publicada no site da revista científica Cell

Foi investigada a resposta dos linfócitos de amostras de sangue coletadas entre 2015 e 2018, antes do novo coronavírus entrar em circulação. Esses linfócitos reagiam com ferocidade ao Sars-CoV-2, embora nunca tivessem sido expostos a ele.

“Vimos uma potente reação à presença da proteína S do vírus, a que é usada por ele para invadir células humanas. É uma boa notícia para o desenvolvimento de vacinas”, escreveram os autores.

Já o estudo da Universidade de Berlim e do Instituto Max Planck de Genética Molecular, mostrou reatividade cruzada a outros coronavírus em linfócitos de pacientes com Covid-19 e em pessoas não infectadas.

A pesquisa reforça que as células CD4 e CD8 “podem ser cruciais para compreender as manifestações tão diferentes da infecção pelo Sars-CoV-2 e, particularmente, a alta taxa de assintomáticos e de crianças e adultos jovens com quadros mais leves”.

No entanto, ainda não se sabe em que grau a reação cruzada poderia oferecer imunidade, por quanto tempo ela duraria e se é mais frequente em algumas regiões do mundo.

Tipos de coronavírus

Existem sete coronavírus conhecidos que causam doença em seres humanos. Além do Sars-CoV-2, causador da Covid-19, dos outros seis, dois são letais e bem mais raros: Sars-CoV-1 e Mers.

Outros quatro coronavírus disseminados no mundo são muito comuns e provocam cerca de 20% das infecções respiratórias. Estes são conhecidos apenas pelas siglas 229E, NL63, OC43 e HKU1.

É possível um adulto contrair infecção por um desses coronavírus em média a cada dois ou três anos, segundo pesquisadores da Universidade de Berlim. Como não evoluem com gravidade na esmagadora maioria dos casos, as pessoas são diagnosticadas com uma ”virose”.

Fonte: Fabiana Rolfini, olhar digital – Via: O Globo

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