O papiloma vírus humano (HPV) apresenta mais de 150 subtipos distintos e está presente em mais da metade da população na faixa dos 16 e 25 anos, segundo um estudo feito pelo Ministério da Saúde, e por geralmente não ocasionar problemas ou apresentar sintomas, não gera tanta comoção e preocupação na maioria das pessoas.
Nosso sistema imunológico, no maior número dos casos, tem a capacidade de erradicar o vírus do organismo, entretanto ainda não se conhece a totalidade do seu comportamento no corpo e o vírus está associado a uma diversidade de doenças que pode ir desde uma verruga no dedo até câncer (Problema pelo qual sua relação é mais conhecida) e infarto.
Acompanhe dez dessas doenças:
1. Problemas Cardiovasculares
Recentemente a revista Circulation Research publicou um estudo que correlacionou o HPV a propensão às doenças cardiovasculares. Dados obtidos de mais 60 mil mulheres coreanas portadoras do vírus e que não apresentavam problemas cardiovasculares, entre 2011 e 2016, foram analisados pelos pesquisadores.
Foram considerados fatores como índicie massa corporal, tabagismo, peso, estatura, uso de álcool e histórico de doenças cardiovasculares. A equipe verificou que as voluntárias infectadas com o papiloma vírus tinham o risco de desenvolver problemas cardiovasculares aumentado em cerca de 22% em relação a mulheres que não carregavam o vírus.
Além disso quando o HPV em alto risco era combinado a síndromes metabólicas ou obesidade, o risco aumentava; mulheres com obesidade apresentavam uma chase quase 2/3 maior de apresentar problemas do coração.
Os cientistas acreditam que o HPV influencia nas vias de inflamação, e amplia a formação de placas obstrutoras nas artérias atuando nas paredes dos vasos sanguíneos, isso gera a aterosclerose— acúmulo de placas de gordura. O quadro pode evoluir em infarto ou até mesmo AVC (Acidente vascular cerebral). Apesar dessa relação, é esclarecido pelos especialistas que mais estudos são nescessários para comprovar essa correlação.
2. Lesões orais, na língua e orofaringe
Nesses casos, existe a formação de papilomas ou verrugas na mucosa bucal podendo ser extremamente diminutas e desaparecerem com o tempo de maneira gradativa. Entretanto, é possível que aconteça um crescimento exarcebado que acarrete em problemas mais sérios como por exemplo, dor e infecções extensas.
A evolução das lesões é determinada, acima de tudo, pela imunidade do paciente. Em casos de imunossupressão, como nos casos de Aids, câncer, quimioterapia, entre outros, essa evolução poderá ser muito mais grave e dificultar o tratamento.
Na maioria das vezes, essas verrugas são lesões benignas e o sistema imune tem o poder de erradicá-las. Entretanto, se existir permanência ou repetição constante do surgimento dessas lesões é nescessário buscar intervenção médica, que é feita através de cirurgia ou com o uso de medicamentos
3. Câncer de Borda de Língua
Subtipos oncogênicos do HPV— variações do vírus que podem causar câncer— são sexualmente transmissíveis, e em relações orais, por exemplo, o contato desses vírus com a mucosa oral e a língua podem ocorrer acarretando em lesões e verrugas que podem causar o surgimento de tumores.
Pesquisas internacionais mostram que cerca de 25% dos casos de câncer na orofaringe— Boca, língua, palato e faringe— estão relacionados com a infecção do HPV.
Dania Abdel Rahman, infectologista do Hospital Albert Sabin, em São Paulo; explica que o processo é muito complexo e usualmente se associa às mutações sofridas no material genético das células atacadas pelo vírus, que leva à formação do tumor. Além disso, existe a possibilidade da ocorrência de um desequilíbrio do sistema imunológico do paciente portador do HPV, assim com o processo de defesa falho torna o organismo em um ambiente favorável ao desenvolvimento de câncer.
Há etapas do HPV que são invisíveis ao olho nu inicialmente, por outro lado, existem outros estágios que causam reações visíveis macroscopicamente já na fase inicial, é a neoplasia intraepitelial— lesões pré-cancerígenas que se não tratadas com antecedência podem desatar em tumores e outras alterações.
4. Câncer de Pênis
Substancialmente, o mecanismo responsável pela ocorrência dos diversos tipos de câncer ocasionados pelo HPV é o mesmo. Lesões ou verrugas nas mucosas ou pele que se não observadas e tratadas com antecedência podem acarretar no desenvolvimento de tumores.
João Prats, infectologista da BP— A Beneficiência Portuguesa de São Paulo, acrescenta que fatores de risco relacionados como consumo excessivo de álcool, outras IST’s (Infecções sexualmente transmissíveis), tabagismo e quadros de deficiência imunológica também estão presentar na maioria dos casos.
Outros alertas da doença são presença de nódulos em alguma parte do pênis ou mudança de cor na região, formação de feridas com presença de secreções malcheirosas ou que não cicatrizam. Vale lembrar, que apesar de não ser algo muito comum, o câncer de pênis pode gerar a amputação do órgão.
5. Câncer de Vulva
Estudos internacionais demonstram que a doença representa de 3 a 5% dos casos registrados de câncer no trato genital feminino inferior. Existem diversos tumores raros na vulva, tais como sarcomas, melanomas e carcinomas de células escamosas— sendo este o mais predominante associado ao HPV.
Como o subitipo oncogênico do vírus começa a gradativamente modificar as células de revestimento da vulva, existem etapas e processos antecedentes ao câncer. Inicialmente (Nível 1), aproximadamente 1/3 do tecido epitelial sofre ação do vírus. Posteriormente (Nível 2), 2/3 e no terceiro nível existe a tomada de mais de dois terços da totalidade do epitélio estão comprometidos. Isso possibilita o surgimento de células atípicas que crescem e se instalam em órgãos vizinhos, como a vagina, fênomeno denominado de carcinoma invasivo.
6. Verrugas na pele e olho de peixe
É característico do papiloma vírus acarreta em infecções no epitélio e mucosas, ocasionando no surgimento de verrugas. Geralmente quando as camadas mais superficiais da pele são comprometidas, o problema acontece na região genital, entretanto existe a possibilidade do surgimento de lesões na mão ou qualquer outra parte do corpo onde se tenha a presença do patógeno.
A diferença entre uma verruga e o olho de peixe está na maneira como se dá o desenvolvimento. As verrugas eclodem para fora da pele, ocasionando diminutas lesões ásperas que normalmente não causam dor. Em contraste, a formação do olho de peixe ocorre na sola do pé e não se projeta tanto para fora; a lesão possui pequenas pontuações escurecidas no centro e provoca incômodo, especialmente no pisar do paciente.
7. Câncer de Vagina
Apesar da raridade deste tipo de tumor, 80% dos casos registrados estão relacionados com HPV. A vagina, normalmente, funciona como região de disseminação originando tumores em outras partes do trato genital feminino, como por exemplo a vulva e o colo de útero.
Os mecanismos de desenvolvimento da doença são exatamente os mesmos dos demais tipos de câncer causados como consequência do HPV.
8. Câncer de Anal
Novamente, grande parte desse tipo de câncer está relacionado ao papiloma vírus humano, tendo como 90% dos casos registrados associados ao vírus. Entretanto, é a forma mais rara entre os tumores colorretais e constitui apenas de 1 a 2% dos casos.
Um dos prováveis sinais do câncer anal, são as lesões pré-cancerígenas, diagnosticáveis via anuscopia, proctoscopia ou exame de toque.
9. Infertilidade dos Homens
Estudos vêm apontando que, homens estéreis sem diagnóstico conclusivo sobre a origem da infertilidade possuem maior predominância de infecção do HPV no esperma.
Por outro lado, o urologista e especialista em reprodução humana assistida, médico e pesquisador no setor de reprodução humana da Unifesp, Matheus Gröner pondera sobre a inconsistência por parte dessas mesmas pesquisas em demonstrar a existência de queda na qualidade dos espermatozoides em pacientes infectados pelo papiloma vírus humano. Esse fato, segundo Gröner, atrapalha a associação entre esses fatores.
10. Câncer de colo de útero
Sendo a mais grave das doenças que é comumente associada ao HPV, com 95% dos quadros de câncer de colo de útero estão conectados com a ação do vírus. Vale a pena enfatizar, que nem toda mulher com portadora de HPV desenvolverá o tumor, aproximadamente em 90% das vezes o organismo é capaz de expurgar o vírus dentro de dois anos.
“Para isso ocorrer depende muito da resposta imunitária de cada mulher, além do fato de a pessoa não ter fatores de risco, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, fatores nutricionais e genéticos, e do tipo do vírus infectado”— Maria Elisa Noriler, médica responsável pelo setor de ginecologia endócrina infantopuberal e climatério do Hospital Municipal Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo.
Fonte: Uol (editado)