BRAINEX MANTEVE CÉREBROS VIVOS POR 36 HORAS
Os órgãos foram removidos dos animais e por 4 horas ficaram sem circulação sanguínea e à temperatura ambiente. O time de pesquisadores da Universidade de Yale utilizaram cérebros removidos de porcos enviados para o abate na indústria alimentícia. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira na revista “Nature”.
A equipe desenvolveu uma solução experimental (BrainEx) que traz consigo nutrientes essenciais e oxigênio, substâncias químicas presentes em sua composição permitiram o rastreamento do fluxo por ultrassom. A equipe optou por utilizar compostos que bloqueassem sinais nervosos argumentando que a restauração do metabolismo seria facilitado pela inatividade das células.
Caso detectado atividade elétrica sugerindo consciência real, planejava-se a injeção de anestésicos nos cérebros e resfriamento para impedir o processo.
Acoplando o cérebro em um sistema de bombeamento da BrainEx, após seis horas de circulação da solução observou-se que os neurônios e outras células cerebrais reiniciaram suas funções metabólicas como consumo de açúcar e produção de dióxido de carbono. Nesse período o sistema imunológico do cérebro também recomeçou seu funcionamento.
O citoesqueleto e as seções cerebrais foram preservadas. Quando aplicado eletricidade no sistema, descobriram que neurônios individuais ainda conseguiam carregar sinal porém não houve qualquer indício de padrões elétrico coordenados no cérebro inteiro indicando retomada de consciência ou atividade complexa.
No grupo controle, onde não houve bombeamento da solução ou infusões placebo, os cérebros não mostraram sinais de atividade, e suas células se deterioraram.
Com o uso do sistema BrainEx, a equipe de Yale conseguiu manter os cérebros vivos por até 36 horas. A prioridade da pesquisa agora será descobrir por quanto tempo se consegue manter as funções metabólicas e fisiológicas dos órgãos.
ÉTICA
Pesquisa inicia debate no mundo acadêmico, sobre o que é irreversível, os cérebros não recuperaram padrões complexos que se assemelhassem à consciência.
Os vasos sanguíneos foram dilatados e voltaram a funcionar fluindo com a BrainEx. As células retornaram suas funções metabólicas e fisiológicas, e seu sistema imunológico reiniciou funcionamento. E neurônios de fatias de cérebros tratados com a solução apresentaram atividade elétrica.
Mas nada que implicasse retorno de consciência ou inteligência.
O trabalho ainda não apresenta aplicações imediatas para o tratamento de lesões cerebrais ou doenças degenerativas em humanos. Mas a ideia contradiz o que a ciência médica acredita sobre o órgão, restaurando as funções de um cérebro pós-morte.
Até o momento assumia-se que o cérebro diminui rapidamente seu volume devido a interrupção do fluxo sanguíneo, as conexões neuronais desmoronavam e o sistema entrava em um colapso irreversível.
Na maioria dos países, uma pessoa é considerada legalmente morta quando sua atividade cerebral cessa ou existe interrupção total do coração e pulmões. O cérebro é um órgão exigente que necessita de grande fluxo sanguíneo e oxigenação constante para se manter, mesmo minutos sem esses sistemas vitais geram danos irreparáveis.
O neurocientista Nenad Sestan, líder do time de pesquisadores, traz o questionamento em que na sua perspectiva é concebível descobrirmos que o cérebro não poderá se recuperar e estamos apenas evitando o inevitável, ele diz:
“Nós apenas pairamos algumas centenas de metros. Mas será que podemos realmente voar?”
Fonte:”Nature”