Pode parecer contraditório, mas a hereditariedade envolve mais do que apenas o DNA. Isso não quer dizer que tudo que você aprendeu sobre evolução é uma mentira. Pelo contrário. O DNA é sim a “receita de bolo” dos seres vivos. Mas, dependendo do cozinheiro, a mesma receita, com os mesmo ingredientes e feita no mesmo ambiente, vai sair diferente. O DNA não age sozinho: fatores externos influenciam em como ele se expressa. É um fenômeno conhecido como “epigenética”.
Epigenética significa, literalmente, “além da genética”. São modificações no DNA sem alterar a sequência dos genes. Ela explica porque ratinhos de laboratório idênticos geneticamente agem de formas diferentes. Ou porque gêmeos univitelinos, criados juntos, manifestam comportamentos distintos. Agora, um estudo da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, nos EUA, afirma que características adquiridas pelos pais ao longo da vida – ou de um período de tempo reduzido – podem ser, sim, transmitidas para os filhos. Por exemplo, pais que têm dietas desequilibradas à época da concepção do filho podem repassar um metabolismo pior para seus herdeiros. E os cientistas encontraram pistas sobre como isso acontece.
A culpa é dos espermatozoides. Ou melhor, do epidídimo. Se você não sabe o que é esse nome engraçado, tudo bem, ele é um dos órgãos menos estudados do corpo humano – mas, acredite, pode influenciar diretamente nas características que um filho vai herdar do pai. Detalhando: epidídimo é um tubo do aparelho reprodutor masculino – com cerca de 6 m, desenrolado – que os espermatozoides atravessam para sair dos testículos (onde são produzidos) até serem ejaculados. Na pesquisa, os cientistas atestaram que espermatozoides de camundongos, em reproduções in vitro, transmitiam características diferentes dependendo de onde fossem coletados: nos testículos, no comecinho do epidídimo ou do final do canal. E todos continham exatamente o mesmo DNA
Fonte: Revista Superinteressante/ Por: