Nos Estados Unidos, segundo relatório da seguradora Coverys de dados coletados entre 2013 e 2017, 33% dos processos relacionados à assistência em saúde são por erros relacionados ao diagnóstico, e 47% das indenizações pagas são por este mesmo motivo.
Os erros diagnósticos são a principal causa de processos nos Estados Unidos, sendo até mesmo superior aos decorrentes de cirurgias e procedimentos, de administração de medicamentos, de segurança do paciente e outros. Quando analisamos mais profundamente o mesmo relatório, nos deparamos com estatísticas ainda mais alarmantes, em que 54% dos processos são de casos de alto risco, em que 36% resultaram em morte.
O relatório também analisa as vulnerabilidades do processo de diagnóstico e constata que 33% dos processos judiciais são resultantes de falhas na avaliação inicial do paciente e 52% dos processos são resultantes da etapa de solicitação e interpretação de exames diagnósticos.
Particularmente, esta segunda etapa do processo diagnóstico tem sido alvo constante de melhorias tecnológicas, com uma “invasão” de ferramentas de suporte à decisão clínica que se utilizam de inteligência artificial e aprendizado de máquina para melhorar o processo diagnóstico.
O resultado disso é que nunca se falou tanto em ferramentas de suporte à decisão clínica, e muitas destas já foram aprovadas para uso pelo Food and Drug Administration (FDA). Recentemente, foi aprovado o uso de mais três ferramentas baseadas em inteligência artificial para suporte diagnóstico:
– LVO Stoke Platform: que detecta sinais de acidente vascular cerebral em tomografia computadorizada;
– IDx-DR: ferramenta de triagem para retinopatia diabética que pode ser usada na atenção primária para detecção precoce da doença;
– OsteoDetect: ferramenta para diagnóstico de fraturas de pulso em adultos.
O que há de comum entre elas é que todas se utilizam de tecnologia de reconhecimento de imagem para diagnóstico e são de aplicabilidade altamente específica. Embora seja uma questão que incomode os mais conservadores, a tendência natural do mercado é que médicos e instituições de saúde se empoderem cada vez mais de ferramentas de suporte à decisão. Erros diagnósticos são um problema real e muito bem caracterizado, sabemos onde erramos, como erramos e como podemos atacar o problema.
A decisão clínica continua e continuará na mão do médico, o relacionamento médico-paciente continuará como um pilar forte da Medicina, e as novas tecnologias vem agregar maior segurança e confiabilidade ao processo, até que os erros diagnósticos se tornem história.